Eu tenho saudade de tantas coisas boas e tantas coisas vãs. Por isso descrevo, anoto tudo, assim completo o meu álbum mágico da felicidade...

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sonhos de Daniela.

Como numa brincadeira de roda, Daniela dançava. Dançava com o vento como par, e uma brisa a cingia delicadamente, fazendo seus loiros cabelos saculejarem seus fios e desprendê-los ao ar... ao longe escutava-se uma música... eram as cantigas de Daniela, que ecoavam por todo o campo recoberto de jasmim. A menina, que mantinha os olhos fechados enquanto repetia os delicados movimentos rodopiando pelo ar, usava sapatilhas vermelhas com bolinhas brancas e um laço rubro na ponta de cada uma, sua saia agarrada nos jasmins se misturava com as pequenas flores e de longe, quem a observava em seus sonhos mais distantes só conseguia notar uns braços e uns olhos verdes brilhantes. E depois Daniela caía no chão rindo-se e esticava os braços num movimento de liberdade. Costumavam ser assim as tardes da pequena menina, que parecia encantada.

Pela manhã, ela levantava, penteava seu cabelo escorrido, colocava suas sapatilhas e ia para sua escola...

Daniela, 15 anos, síndrome de down, bordejava entre jasmins e lírios dos campos todas as tardes depois da escola, gostava de ler e de poesia, tinha um par de sapatos vermelhos e adorava bolo de maracujá.

Daniela entende o que é ser especial...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Diálogos de uma louca.

Mentira! Eu que sempre o procurei e mandei cartas abobalhadas pedindo perdão. Criei toda uma historia de amor e publiquei numa manchete popular, porque é bonito dizer que temos um amor. Quis crer o tempo todo que ele me amava e que eu nunca seria outra na vida dele, que sempre seria a primeira dama o primeiro amor. Eu que quis chorar e me entregar e me apaixonar por sempre querer algo que me fizesse bem. Será que é errado querer dar amor em abundância? Não sei, mas fui eu, somente eu que liguei pra saber onde estava e onde dormia. Pra saber do café da manhã, do almoço e da janta. Eu que só queria ser amada. Menti pra mim quando tudo era vago, continuei mentindo e alimentando minha loucura. E amei, amei ensandecidamente. E chorei até ficar sem pó, sem lápis e sem batom. Porque achei que esse amor de todo não era só meu. Que era um amor também amado. Mas um amor cheio de breves e fatores, cheio de mais ou menos. Parei de ser menininha aos quinze anos, mas continuei a acreditar nas historinhas de contos de fadas. Mas será que isso é pecado, querer viver só de amor? Continuo a olhar o telefone de três em três minutos, porque no meu velho achismo, ele ainda hoje vai ligar pra mim... É assim que acontece nos contos de fadas.