Eu tenho saudade de tantas coisas boas e tantas coisas vãs. Por isso descrevo, anoto tudo, assim completo o meu álbum mágico da felicidade...

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Procura-se poesia...


"O fato é que quando estamos sós, por motivo qualquer que seja, nos tornamos pensantes, viventes, colhedores de desejos e de soluções. A melancolia nos torna vulneráveis aos sentimentos e sentimos que o estar só, em si, nos faz mais fracos, porém mais astutos. As vezes é preciso chorar, derramar rios de lágrimas para nos esvaziarmos, ou é preciso pintar palavras ou cores, e é por isso que precisamos da solidão. Quando se quer achar algo, se procura, ou então ficamos a recitar coisas sem sentido algum. Não insista em procurar a beleza nas coisas belas, a verdadeira fotografia dos sentimentos está no inesperado, no inútil, e só também com o sentimento é que se vê a razão da arte, ou então, se ela não tem razão..."


"Ou somos uns eternos palhaços a caminhar em busca do que talvez só seja melancolia e desatino...?"

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Para os que precisam de outro...


Agora, de frente pra ele, e olhando para as minhas mãos, eu vejo o quanto cresci, e diferentemente dele, sei que me tornei uma mulher. Meu rosto, meu corpo, não negam, e apesar do fato dele ter feito sexo nos diferenciar, eu sei que ele ainda é um menino cheio de expectativas e sonhos que ele deseja ter, um garoto que ainda faz do sentido da vida as emoções e gosta de curtir decepções, um pequeno menino desajeitado, que de homem crescido só tem a pose, pois ele ainda sonha e vive como criança, brincando de ser um personagem a cada nova emoção que ele sente, um adolescente, e não um homem, e isso nos difere em um ponto onde, não é de um menino que eu preciso, e sim de um homem que precise de uma mulher...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Meu amor...


Nas folhas rasgadas

Dos cadernos amassados

Estavam aqueles teus versos

Contidos daqueles sentimentos

Palavras de cansaço

De amor embriagado

De duas vidas enganadas

Se nos amamos ontem

Nas areias, de frente pro mar

Na ultima tarde de sol da ultima quarta-feira...

Foi sonho!

E saudade de te amar

Meu amor...

Vestido branco

Quando a moça, vestida naquele vestido branco, vira o seu reflexo no espelho, começava a sentir-se um pouco mais atraente, gostava de se observar, ver suas faces e delineadas curvas, coisa que ninguém jamais imaginara, nem ela, sentia imenso prazer e queria ser amada, encontrar outro que pudesse contorna-la e rabisca-la e fotografá-la, mas ela sabia que indiretamente alguma coisa maior tomava toda essa sensualidade e colocava a perder curvas e gestos, tinha medo e receava não ser tão bela e tão apreciada, não o quanto gostaria, e sempre ao tentar ousar, algo saía errado, nem sabia mais se era mulher, porque agora ficava horas vendo futebol e filmes proibidos à noite, e era nessas horas que precisava mais ser amada, ser tomada a cama, ter seu corpo desenhado, e liberar suas noites mal dormidas... Queria seduzir, tornar alguém em chamas, transformar todo esse medo em prazer, e depois dormir... e de manhã acordar, escutar um bolero, arrancar-lhe à força os lençóis e... a noite se deturpar com todos os seus insaciáveis desejos, e tornar-se mais uma. Despir-se de seu vestido branco, afrouxar-lhe os cabelos e ser de novo alguém que precisa de amor...



segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Que dia.

Já era hora de arrumar as malas e voltar pro caos da cidade. Pra'quela vidinha requintada...
Difícil só seria olhar pra toda aquela gente e ter que distribuir sorrisos esticados e abraços fedorrentos. Chegar em casa e encontrar as mesmas velhacas sentadas no sofá pintando as unhas e escovando os cabelos, mixiricando da vida de toda a vizinhança e falando de política sem saber sobre o que é socialismo nem na teoria e não poder se meter. Escutar todas aquelas conversas irritantes e intermináveis de putas à amantes, daqueles velhos peidorrentos. Acordar com aquelas pirracentas crianças infernais fazendo barulho de manhã cedinho. Andar debaixo daquele calor desértico de trinta e oito graus e me fuder debaixo daquelas chuvas imprevisíveis porque já não fazem uma porra dum guarda-chuvas bom na cidade. Correr atrás daquelas lotações ferradas e abarrotadas de gente, que dá medo até de encostar pra gente não pegar tétano. Assistir a aula daquele filha duma puta daquele professor, que porque acha que tem uma porra dum diploma sabe mais que o mundo todo e despreza nós, pobres e reles estudantes mortais. Fora ter de olhar pra cara daquela puta forjada à loira que vive dando em cima do meu namorado e não se toca que até um espanador é mais caliente, sexy e charmoso do que aquele pixaim que ela carrega na cabeça e jura que abala. Pegar de novo aquele cacete daquele ônibus e ir cheirando suvaco o caminho todo até chegar em casa. Ter que comer macarrão de tarde e de noite porque a mãe não fez comida e a única coisa que tem é o resto do almoço. Se dividir entre um capítulo do livro e a novela. E ir dormir sonhando em bater aquele prato de cuzcuz com ovo de tanta fome que te deixaram!

- Ai ai, e eu aqui, nessa droga de caos aéreo!

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