Eu tenho saudade de tantas coisas boas e tantas coisas vãs. Por isso descrevo, anoto tudo, assim completo o meu álbum mágico da felicidade...

sábado, 29 de dezembro de 2007




tudo é amor

e amor é foda!

domingo, 11 de novembro de 2007

Passos.

desejo-lhe aqui

não somente em meus pés

sapatos e alpercatas

desejo-lhe de tudo

de tão braço e abraço

tão carente, tão ardente

de fome de amor por mim

desejo-lhe perto

com tuas alpercatas

molhadas de chuva

e que tu não vá embora

sem ao menos um adeus

deixando só sapatos

sandálias e alpercatas

sem teus passos

nos meus.


____________________________________________________________________

*Estas coisas estão ficando cada vez mais românticas... acho que isso quer dizer tédio.
...

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Sobre mulheres e o amor:


"Uma mulher sabe quando um homem olha pra ela e a vê somente nua. Sabe quando ele começou e onde ele deixou de amá-la. Se ele te olha nua então tu sabes que não é amor. Quando ele te amar de verdade então será capaz de te olhar e enxergar apenas teus olhos. Porque é lá onde se concentra todo o amor. O sexo é apenas a medida casual. o transbordamento do tudo do amor, este sim, acaba na cama; Enrolados em dois lençóis brancos e um pequeno raiar do sol a clarear-lhe os olhos; aí, onde tudo começou..."

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Olhares.


E parecia que ela estava lá...
Mas não estava.

E parecia que ele estava lá...
E ele estava.

E ela, tão singela, de cabelos marrom-dourado e pele bronzeada, permeava sempre pelos sonhos dele, mas ela nem o notava.

Ela não o queria.
Ela não o amava.

Não, definitivamente não!

Os olhos dela olhavam outro...
E os olhos do outro também a olhavam...
E eles se enxergaram...

E isso acontece diariamente.
Ansiosamente...
Completamente.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Sonhos

Não posso falar de sonhos
Eles não possuem fórmulas
Nem são contados nos livros
Apenas são sonhos, são contos
Podem vir no momento certo
Pra nos dizer alguma coisa
Sonhos são como...
E nos deixam a esperar o resto
Nunca tem começo meio ou fim
Sonhos são como as minhas lembranças
Melhores do que o real.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Fotografia...



A vida ali parece mais bonita, principalmente com um efeito de luz, melhora um bocado, agora tenta passar ela pro real, longe das luzes e dos flashs, repara agora, como ela fica mais difícil...




quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Carta ao louco:


"Eu disse pra ele muitas coisas, coisas que ele gostaria e que precisava ouvir, coisas que a gente só de dispõe a dizer pra quem a gente gosta. Mas no fundo eu queria dizer algo pra ele...
Falar sobre os meus sentimentos, sobre o que eu sinto por ele, e que eu não podia atirar tudo assim de vez na cara dele, porque eu tinha certeza que ele iria fugir...
Eu não disse tudo o que eu sentia, na verdade, eu não disse nada sobre mim, só sobre ele, sobre o que eu conhecia dele, e fiz isso na tentativa de amançá-lo, de fazê-lo ver que eu é que servia para ele, de provocar nele alguma emoção além desse tempo gélido que pairou sobre ele...
Eu precisei enganá-lo, dizer que amava outro, fazê-lo pensar que estava livre de mim, porque se eu dissesse que o amava, ele certamente me abandonaria...
E no fim não seriam tudo flores e sim lágrimas derramadas e um abandono sem perdão...
Dizer tais palavras não resolveram todos os problemas, talvez não tenha resolvido mesmo nenhum, mas fez eu me sentir livre e ir dormir sem derramar nenhuma lágrima, porque sei que ele precisa de mim, e sei que ele também me ama..."

11 de Abril.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mariângela e as telas.


Mariângela tinha olhos enormes e sempre ficava à frente da tevê, a iluminar aqueles grandes olhos.
Dobrava os joelhos e encolhia-os junto a si em cima do sofá creme da sala de sua mãe.
E ficava vidrada.
Era terror, comédia, ação, romance, drama, épico, tudo quanto é gênero de filme Mariângela gostava.
Parecia tecer um mundo sobre aquilo. Sobre tudo quanto é vida, que o cinema construía.
Ela nem precisava de amigos.
E quando as luzes se apagavam, e o brilho fosco a contornava, ela inclinava levemente seu rosto para frente e mergulhava de vez na estória.
E um dia ela entrou... entrou naquele mundo e se tornou personagem, vivendo cada drama e cada estória e sentindo cada personagem como ela sempre desejou.
Viajou por tempos, lugares e viu pessoas diferentes.
E a cada novo filme que começava na tela ela seria um novo papel, sempre; ela nem pestanejava.
Mariângela, tão nova, ruiva, de cabelos amarrados, saindo de sua meninice, esbugalhou tantos seus olhos que virou personagem de cinema; levantou do sofá, esticou pernas e braços e mergulhou tela adentro, porque era ali que ela sabia que precisava viver.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Balada aos meninos de rua



Eles estão na rua,

Eles passam fome,

Eles andam descalços,

Eles ainda são homens;

Eles te pedem uma mão,

Eles te pedem uma ajuda,

Eles estão em desespero,

Eles te roubam dinheiro;

Eles não tem culpa,

Eles não tem ajuda,

Eles não tem casa,

Eles não tem nada;

Eles não te culpam por nada,

Eles nem usam a mesma calçada,

Eles são produtos de eleição,

Eles ainda te pedem perdão;

Eles são só uns meninos,

Eles são tão pequeninos,

Eles tem medos de adulto,

Eles são o teu medo,

Eles são jogados,

Eles são usados,

Eles abusados,

Eles educ

Eles ação

Eles ...

Precisam de chão..

Colchão.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Procura-se poesia...


"O fato é que quando estamos sós, por motivo qualquer que seja, nos tornamos pensantes, viventes, colhedores de desejos e de soluções. A melancolia nos torna vulneráveis aos sentimentos e sentimos que o estar só, em si, nos faz mais fracos, porém mais astutos. As vezes é preciso chorar, derramar rios de lágrimas para nos esvaziarmos, ou é preciso pintar palavras ou cores, e é por isso que precisamos da solidão. Quando se quer achar algo, se procura, ou então ficamos a recitar coisas sem sentido algum. Não insista em procurar a beleza nas coisas belas, a verdadeira fotografia dos sentimentos está no inesperado, no inútil, e só também com o sentimento é que se vê a razão da arte, ou então, se ela não tem razão..."


"Ou somos uns eternos palhaços a caminhar em busca do que talvez só seja melancolia e desatino...?"

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Para os que precisam de outro...


Agora, de frente pra ele, e olhando para as minhas mãos, eu vejo o quanto cresci, e diferentemente dele, sei que me tornei uma mulher. Meu rosto, meu corpo, não negam, e apesar do fato dele ter feito sexo nos diferenciar, eu sei que ele ainda é um menino cheio de expectativas e sonhos que ele deseja ter, um garoto que ainda faz do sentido da vida as emoções e gosta de curtir decepções, um pequeno menino desajeitado, que de homem crescido só tem a pose, pois ele ainda sonha e vive como criança, brincando de ser um personagem a cada nova emoção que ele sente, um adolescente, e não um homem, e isso nos difere em um ponto onde, não é de um menino que eu preciso, e sim de um homem que precise de uma mulher...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Meu amor...


Nas folhas rasgadas

Dos cadernos amassados

Estavam aqueles teus versos

Contidos daqueles sentimentos

Palavras de cansaço

De amor embriagado

De duas vidas enganadas

Se nos amamos ontem

Nas areias, de frente pro mar

Na ultima tarde de sol da ultima quarta-feira...

Foi sonho!

E saudade de te amar

Meu amor...

Vestido branco

Quando a moça, vestida naquele vestido branco, vira o seu reflexo no espelho, começava a sentir-se um pouco mais atraente, gostava de se observar, ver suas faces e delineadas curvas, coisa que ninguém jamais imaginara, nem ela, sentia imenso prazer e queria ser amada, encontrar outro que pudesse contorna-la e rabisca-la e fotografá-la, mas ela sabia que indiretamente alguma coisa maior tomava toda essa sensualidade e colocava a perder curvas e gestos, tinha medo e receava não ser tão bela e tão apreciada, não o quanto gostaria, e sempre ao tentar ousar, algo saía errado, nem sabia mais se era mulher, porque agora ficava horas vendo futebol e filmes proibidos à noite, e era nessas horas que precisava mais ser amada, ser tomada a cama, ter seu corpo desenhado, e liberar suas noites mal dormidas... Queria seduzir, tornar alguém em chamas, transformar todo esse medo em prazer, e depois dormir... e de manhã acordar, escutar um bolero, arrancar-lhe à força os lençóis e... a noite se deturpar com todos os seus insaciáveis desejos, e tornar-se mais uma. Despir-se de seu vestido branco, afrouxar-lhe os cabelos e ser de novo alguém que precisa de amor...



segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Que dia.

Já era hora de arrumar as malas e voltar pro caos da cidade. Pra'quela vidinha requintada...
Difícil só seria olhar pra toda aquela gente e ter que distribuir sorrisos esticados e abraços fedorrentos. Chegar em casa e encontrar as mesmas velhacas sentadas no sofá pintando as unhas e escovando os cabelos, mixiricando da vida de toda a vizinhança e falando de política sem saber sobre o que é socialismo nem na teoria e não poder se meter. Escutar todas aquelas conversas irritantes e intermináveis de putas à amantes, daqueles velhos peidorrentos. Acordar com aquelas pirracentas crianças infernais fazendo barulho de manhã cedinho. Andar debaixo daquele calor desértico de trinta e oito graus e me fuder debaixo daquelas chuvas imprevisíveis porque já não fazem uma porra dum guarda-chuvas bom na cidade. Correr atrás daquelas lotações ferradas e abarrotadas de gente, que dá medo até de encostar pra gente não pegar tétano. Assistir a aula daquele filha duma puta daquele professor, que porque acha que tem uma porra dum diploma sabe mais que o mundo todo e despreza nós, pobres e reles estudantes mortais. Fora ter de olhar pra cara daquela puta forjada à loira que vive dando em cima do meu namorado e não se toca que até um espanador é mais caliente, sexy e charmoso do que aquele pixaim que ela carrega na cabeça e jura que abala. Pegar de novo aquele cacete daquele ônibus e ir cheirando suvaco o caminho todo até chegar em casa. Ter que comer macarrão de tarde e de noite porque a mãe não fez comida e a única coisa que tem é o resto do almoço. Se dividir entre um capítulo do livro e a novela. E ir dormir sonhando em bater aquele prato de cuzcuz com ovo de tanta fome que te deixaram!

- Ai ai, e eu aqui, nessa droga de caos aéreo!

0_O

quinta-feira, 28 de junho de 2007

escrevendo


e as pessoas que gritavam na orla da praia queriam vinganca

e eu gritava por fadiga,

e na sala de visitas os anõezinhos gritavam por televisão

a branca de neve não usa colgate

e não grita de felicidade como dentro das maçãs

como fazia antes de se tornar princesa

ela era veneno...e calculava tudo

e os outros pensavam que ela não blefava

pois era tão menina e ninguém calcularia a dosagem de aleluia

que residia na sua ansiedade

a neve caia em meu coração quando aqueles anõezinhos ferozes

relinchavam lorotas a beira-mar se afogando de vez em quando,só para puxar o saco da Branca

gente...que onda que eu tive de segurar!!!!!

as mentiras da aleluia no seu vão untado de alivio ansioso não podem nos salvar

desse puxassaquismo esotérico

e a gritaria recomecava agora na NASA!

acharam mais um buraco negro!!!

negro como a neve!!!

um complô universal para a angústia conquistar a invenção das religiões!!!

oh , antimatéria que nos espelha nas entranhas do mundo!!!

a música das esferas nos esculacha com sua beleza

a hóstia é uma coisa tão sexual!!!

os anões estão malhando pra caralho!!!

estão fortíssimos agora e...se atiram para os pinos de boliche!!!!

tudo bem,tudo bem...eles ganham a vida assim...eles são uns condenados pelas suas artimanhas

tagarelar é uma forma intensa de meditação!!!!! as músicas das esferas uivam de dor e eu sozinho rechaço todas as oportunidades de continuar tendo um raciocínio linear ; achando graça do estéreo da música das esferas

minhas mensagens vêm como uma emboscada, portanto, não tome cuidado algum!!!

Você vai se foder de qualquer jeito,ah,ah,ah!!!!

e o mais engraçado é que eu tambem!!! eh ,eh,eh!!!!

mais não nos desesperemos....nós vamos chegar lá ,afinal de contas,a divindade é uma exigência daqueles afim de pai.

e assim nós nos tornaremos Aquele a quem tanto procuramos!

nós os anõezinhos seremos Um so na forma de Branca de Neve enveneneda !!

nós seremos a maçã da gravidade que nunca irá cair!!! a maçã da gravidade Zero!!!!

deixaremos de puxar o saco Dela para que, como ela ,reinventemos o universo com mais bôjo

com mais vermelhidão!!! .....e assim as nossas feridas abertas se tranformarão em galáxias alegres a cantar

a música das esferas jamais balbuciará novamente....sera o suave torpor dos intestinos do céu!!

as estrelas estarão em delirio na praia da borda dos mundos e todos os anões(fortissimos) entrarão nela para

fazer uma equipe de water pólo(eles só pensam em esporte)mas a Branca não os deixará em paz

Ela sempre quis que todos se tranformassem num(ou numa) só.

essa coisa compulssiva de ficar malhando pra CARALHO é apenas mais um influxo de compressão universal,

uma espécie de sistema de compressão cósmica que acarretará grandes falcatruas da nossa espécie para transcodificar a Palavra e o Verbo e assim poder já nascer divindade ,fazer a franquia e azucrinar aqueles cagões retardatários que vivem acreditando em nós, eh,eh

só que eles nunca saberão que eu ,voce e todos aqueles anões sacanas somos ,à partir de agora,a gloriosa Branca de Neve

e eles nos imaginam, como um velho patriarca hebreu...

mas isso é porque viram muita televisão e acreditam em tudo que lhes impingem goela abaixo...graças a deus...

mas uma vontade de se multiplicar(ou se estilhaçar,tanto faz)provoca uma tensão dionisíaca nos anões e eles começam a copular freneticamnte em torno da orla da praia ...eles estão se lambendo ritualisticamente...

alguns,devido a excitação sexual,acabam por se afogar e ,imediatamente se transformam em planondinhas...

os sobreviventes eufóricos comecam a pegar jacaré com os anõezinhos afogados

e a Branca fica na praia tocando uma siririca ....ela se excita moinnnnnnnto e provoca com suas secreções vaginais uma contramare que patrocina uma pororoca sem precedentes esmagando todos os anões em seu ventre....

agora eles parecem uns mariscos encrustados na barriga de Branca....rola uma gosma estranhona que escorre entre a as pernas da boneca

e esse suco de anão esmagado é derramado no mar formando um sopão...

agora Branca coloca o sopão numa concha e bebe todos os anões transcodificados....

esse caldo de anão deixa Branca em estado de transe....ela está muito cheirosa e comeca a delirar...

esse seu delirio é tudo o que vivemos hoje,agora e sempre .Nós somos o delirio eterno da Branca de Neve

tudo que vivemos ou imaginamos é subproduto do efeito dessa sopa....

o universo que "existe" é apenas um anseio em meio ao delirio daquela mulher,que somos nós!!!

e assim,nesta imensa precariedade cósmica,pensamos que existimos,numa golada de sopa de anão psicodélico!!!!!



LOBÃO

domingo, 24 de junho de 2007


Aos olhos dos outros um homem é poeta se escreveu um bom poema. Aos seus próprios, só é poeta no momento em que faz a ultima revisão de um novo poema. Um momento antes, era apenas um poeta em potencial, um momento depois, é um homem que parou de escrever poesia, talvez para sempre.






W. H. Auden

sábado, 23 de junho de 2007

Prazeres.

Eu sabia que eles falavam enquanto eu dormia...
Aí ontem, que foi assim tão estranho, acho que eles falaram sobre a grande chance perdida da minha vida, mesmo eu nem acreditando nesse negócio de amor.
Devem ter comentado sobre a minha fragilidade e a minha fraqueza de aceitar ele pra mim quando ele se doava todo. Na verdade eu tive medo. E talvez eles nunca entendam isso...

É que eu gostava de fazer joguinhos, só que tinha medo quando ele me olhava nos olhos e eu podia ver ali o que ele sentia por mim, ele transparecia tudo só por um olhar... A única vez que eu gostava de saber de todos aqueles sentimentos era quando eu olhava pro céu daquela enorme janela do apartamento dele e sabia que ele também me observava... O que eu queria com ele era poder desfrutar de todos os prazeres, como nas vezes em que fotografamos os desenhos do céu deitados de frente pra aquela enorme janela, ou que abadonamos nossos sapatos e andamos descalços pelas ruas...

Ele só precisava de algumas manias pra ser perfeito, ou uns prazeres a mais...
O resto tudo ele já tinha, sorrisos, abraços, canções e, principalmente, me amava...


Aline Fontelli

quinta-feira, 21 de junho de 2007

A história de nós dois.


Era chuva, e fazia três horas que Marília estava sentada na cama, ao lado do telefone. Três eram as opções: Ou ela continuava a esperar aquela miserável daquela ligação, ou ligava para Mark, ou puxava o fio do telefone e o atirava contra a parede. Mas Marília tinha pose, foi até a cozinha olhou as horas e bebeu um copo d'água. Puxou uma cadeira e ligou a televisão. Três minutos depois o telefone iria tocar... Aquele tipo de frio repentino que não chega a ser um susto mas é suficiente pra atrapalhar a calma, tomou Marília de um ímpeto, ela então esperou mais uns dois ou três toques, levantou da cadeira, desligou a tv e foi até o quarto. O telefone para. Marília não acredita. E então a chuva para...

Era chuva, Mark acaba de chegar em casa, joga a mochila em cima da cama, troca as suas roupas molhadas e olha para o telefone por uns quinze segundos. Vai para a sala e senta-se no sofá. Conversa impaciente com sua mãe, assiste um vídeo, olha as horas.. Umas três horas depois volta pro quarto, tira as roupas molhadas da cama, abre a mochila e pega um papel. Ali, em pé, pega o telefone e digita três números... desliga. Dali a três minutos pega novamente o telefone e dessa vez espera chamar, um, dois, três, quatro... cinco toques, desliga. Deita-se no chão e olha pela janela... a chuva parou.

...

Outro dia. Marília pega a bicleta e vai comprar pães. Entra na padaria, sai da padaria, pega a bicicleta... derruba a sacola...

Outro dia. Mark passa em frente à padaria... e beija Marília.

Aline Fontelli

quarta-feira, 20 de junho de 2007

O Circo do palhaço sem futuro



Era uma menina, mas nem gostava tanto de bonecas. Tinha no ar um tom meloso, dramático, melancólico.
Não costumava ser tão percebida, e de repente ela cresceu... Seu josé, quando voltava de uma de suas viajens, sentado na sala reparou uma mulher passar de calcinha e sutiã pela casa. Ele mal sabia quem era ela, mas reconheceu naqueles olhos a sua filha, aquela a quem ele trazia bonecas, enquanto ela só precisava de um beijo e um pouco de amor... E se sentiu um palhaço num circo desgraçado, onde todo aquele espetáculo que um dia teve graça, ficou só no passado e agora ele, só, triste e palhaço, continua se achando há vinte anos atrás sentado naquele tamborete no meio de um palco, sem platéia, sem público mas não vê que a palhaçada um dia passa, e que o circo também muda de espetáculo e de endereço, que o público cresce e a graça toda se perde. E ele ali, que durante toda a sua vida, durante todos os vinte longos anos, foi o único que não teve mundo e nem teve tempo, e agora tinha todo o tempo do mundo pra se perder em solidão. Que agora, quase desconhecido, apenas um velho de mala nas mãos, passava despercebido, e tinha no ar um tom meloso, dramático e melancólico. O palhaço jamais voltaria no tempo e consertaria os erros de um espetáculo de vinte anos atrás...

Aline fontelli

Maria esperança.


Ai meu deus, cadê Maria esperança?

Vem cá esperança, me abraça e me trança

Esperança meu bem, não me deixe, não se vá...

Me traga um chá, me beije, me amasse

Esperança, me canta, me olha

Me dá tua mão, me pega no colo

Esperança se foi

E em meio aos seus papéis

Esperança se perdeu

E esqueceu como é amar

Esperança, querida

Não chore, foi você que ensinou

Que quem espera sempre alcança..

Soneto do desmantelo azul, de Carlos Pena Filho

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.