Eu tenho saudade de tantas coisas boas e tantas coisas vãs. Por isso descrevo, anoto tudo, assim completo o meu álbum mágico da felicidade...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Das minhas mentiras e das minhas vaidades

Un chapitre

O cheiro de cigarro faz eu me lembrar dele... não é nenhuma coisa específica, nem algo que seja tão saliente como a sua falta de jeito, mas é um troço que eu sinto e lembro da primeira e única vez que senti, de fato, que ele estava sendo um bocado meu. Segurando minhas mãos... e aquilo foi a coisa mais próxima a algum tipo de intimidade a que chegamos perto um do outro, nem os nossos beijos foram tão intensos... ali, achei que algo pudesse realmente dar certo sobre essa coisa toda de se apaixonar, afinal, me declarei pra ele antes de qualquer coisa e de qualquer beijo...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Débora's right


(...) Quero dizer que te amo, de uma forma que se eu pudesse medir, meus braços não alcançariam, tamanha seria a distância. Por mais tempo que eu passe sem te ouvir ao telefone, nunca parece-me existir alguma saudade entre nós. Te quero tanto e tão bem... é preciso que você saiba que lembro de você diariamente, com o mesmo gosto e o mesmo cheiro de licor mentolado. E todas as tuas infinitas particularidades me atraem. É que eu nunca vi tamanha mulher em uma menina... e não sei bem explicar; se você conseguisse ver seu espelho, veria ensimesma o quanto de grande em pequena poesia você se faz. E assim como páginas recicladas arrancadas de um livro, você mais uma vez foge para se juntar ao sol. Menina, bonita; de vestido florido e cabelos lisos ou encaracolados vai na ponte do Recife... Logo atrás eu te sigo correndo, tentando agarrar-me em teus fios negros. Queria só roubar teu coração para bordar no meu peito...



[Dedicado... a uma das raras que mais me incentivam a dedilhar tantas palavras e a quem deposito sinceramente muito da minha confiança e amizade, até onde esses olhos decidirem brilhar...]


Desenho por: Débora Santos

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Dejetos (Gaspiller)

(...) Je l'ai fait, enfin, mademoiselle. Chaque jour, après la fin de mon amour. Vide que la vie il a mené avant de prendre une bonne partie de moi pour vous, et qui ont continué de prendre, après avoir découvert qu'il était malheureusement uniquement. Parce qu'il a remarqué que lors de leur entrée dans le monde en leur temps et leurs nuits, qu'il a insisté pour être seul. Raté mon amour de toutes les petites heures de la journée, et besoin de moi pour aussi peu que possible, toujours. Essayer de me remplacer la valeur de rien, en fait, personne ne pourrait bénéficier de la même nation et la même blague à laquelle j'ai appartenu. À ses yeux, les femmes sont refoulés dans certains ridicule et déplacée. Et pour de plus amples jupes brodées et qui ont été plus ou ils sont beaux, ils réaliser l'exploit jamais à le faire aimer ... Et pour moi il a attendu jusqu'à son dernier souffle, avec des yeux presque mort continuer à chercher pour la lumière du soleil, et Grognonnerie mon nom à chaque fois comme il l'a fait quand j'ai regardé en silence, mais maintenant, pour la dernière fois ...
Marianne Liberté, Lyon, 1912.




(...) Eu fiz ele, enfim, sentir saudades. Todos os dias posteriores ao fim do meu amor. Naquela vida vazia que ele levou antes de tomar uma boa parte de mim para si, e que continuou levando depois de descobrir que era desgraçadamente só. Porque ele só notou o mundo quando entrei nos seus dias e nas suas noites, essas que ele insistia em ficar sozinho. Sentiu falta do meu amor todas as pequenas horas do dia, e de precisar de mim para o mínimo possível, sempre. Tentar substituir-me de nada o valeu; de fato, ninguém saberia desfrutar do mesmo tino e do mesmo gracejo a que me pertencia. Aos olhos dele, as mulheres volveram-se todas numas tolas e descabidas. E por mais bordados e saias que tivessem ou por mais belas que fossem, elas jamais conseguiriam a proeza de fazê-lo amá-las... E por mim ele esperou até o seu último suspiro; lutando com seus olhos quase mortos para continuar a olhar a luz do sol, e murmurando o meu nome como todas as vezes que ele fazia quando me observava discretamente; mas agora pela última vez...

Marianne Liberté, Lyon, 1912.



quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Diálogos de uma louca, parte dois.


Queria dele um pouco mais de saudade, um pouco mais de lembrança e um pouco menos de bobagem. Queria saber se tudo o que ele disse é realmente verdade. Se fui eu a grande, a mulher, a constante e a única a saber do que ele realmente faz... Saber de todos os caminhos dele, e todas as expectativas, que são nenhumas, que ele de todo só tem coragem, mas que lhe falta a congruência e a essência fundamentais para ser quem foi quando estava ao meu lado... Porque eu era uma espécie de ânimo e de aterro sobre as suas pequenas coisas inúteis... Eu o amei todos os dias, enquanto estive ao seu lado, e, no entanto ele parecia se contentar com muito menos que aquilo... Chego a pensar agora se o erro foi tê-lo amado demais. Talvez, se ele de repente merecesse, mas acabo ficando com o ‘foi perda de tempo’. Embora não se deva medir o amor quando se ame, é preciso também pondera-lo. Porque agora, realmente, acho que o erro está na parte onde amei demais...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Fios.

A vontade que deu olhá-la ali cortando os cabelos foi de juntar todos aqueles fios espalhados pelo chão e juntá-los e guardá-los junto a mim, só pra lembrar dela quando eu sentir um pouco de saudade e daí sentir o perfume dos cabelos dela, pra lembrar o momento que estive com ela e pra confirmar que ter apenas o sentimento não me basta... quero ela sólida, viva, e de cabelos ao vento como sempre a vi. E aqueles olhos... ah, aqueles verdes me matam.





[Dedicado...]

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Recado.


Você sempre tem razão, até quando está errada. Você me tira do sério quando me deixa sem sua risada. Você acredita, hesita, faz corpo mole mas sempre no fim é você, as suas palavras, os seus versos, o seu cheiro doce e enjoado de chocolate nos cabelos e tudo o que mais te diz respeito que me comove. Você me deixa em prantos meu bem. E não se culpe, isso só quer dizer saudade. Do amor que anda adormecido e precisando de minutos a sós com você. Do sentimentalismo exacerbado e de mais dois pares etílicos que costumavam nos fazer belas companhias. De se sentir bem até de passar por um lugar e saber que vou lembrar sempre da sua presença quando meus pés ali votarem. Do cinema, do teatro e das andanças. Quero meu mundo de volta, por favor.
Mais algum recado?



[Dedicado...]

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sonhos de Daniela.

Como numa brincadeira de roda, Daniela dançava. Dançava com o vento como par, e uma brisa a cingia delicadamente, fazendo seus loiros cabelos saculejarem seus fios e desprendê-los ao ar... ao longe escutava-se uma música... eram as cantigas de Daniela, que ecoavam por todo o campo recoberto de jasmim. A menina, que mantinha os olhos fechados enquanto repetia os delicados movimentos rodopiando pelo ar, usava sapatilhas vermelhas com bolinhas brancas e um laço rubro na ponta de cada uma, sua saia agarrada nos jasmins se misturava com as pequenas flores e de longe, quem a observava em seus sonhos mais distantes só conseguia notar uns braços e uns olhos verdes brilhantes. E depois Daniela caía no chão rindo-se e esticava os braços num movimento de liberdade. Costumavam ser assim as tardes da pequena menina, que parecia encantada.

Pela manhã, ela levantava, penteava seu cabelo escorrido, colocava suas sapatilhas e ia para sua escola...

Daniela, 15 anos, síndrome de down, bordejava entre jasmins e lírios dos campos todas as tardes depois da escola, gostava de ler e de poesia, tinha um par de sapatos vermelhos e adorava bolo de maracujá.

Daniela entende o que é ser especial...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Diálogos de uma louca.

Mentira! Eu que sempre o procurei e mandei cartas abobalhadas pedindo perdão. Criei toda uma historia de amor e publiquei numa manchete popular, porque é bonito dizer que temos um amor. Quis crer o tempo todo que ele me amava e que eu nunca seria outra na vida dele, que sempre seria a primeira dama o primeiro amor. Eu que quis chorar e me entregar e me apaixonar por sempre querer algo que me fizesse bem. Será que é errado querer dar amor em abundância? Não sei, mas fui eu, somente eu que liguei pra saber onde estava e onde dormia. Pra saber do café da manhã, do almoço e da janta. Eu que só queria ser amada. Menti pra mim quando tudo era vago, continuei mentindo e alimentando minha loucura. E amei, amei ensandecidamente. E chorei até ficar sem pó, sem lápis e sem batom. Porque achei que esse amor de todo não era só meu. Que era um amor também amado. Mas um amor cheio de breves e fatores, cheio de mais ou menos. Parei de ser menininha aos quinze anos, mas continuei a acreditar nas historinhas de contos de fadas. Mas será que isso é pecado, querer viver só de amor? Continuo a olhar o telefone de três em três minutos, porque no meu velho achismo, ele ainda hoje vai ligar pra mim... É assim que acontece nos contos de fadas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Poréns.

Desprezo qualquer tipo de relacionamento humano. As pessoas se conhecem até o ponto onde ficam chatas ou boas demais e aí se apaixonam. Sempre existe uma terceira pessoa que tenta estragar todo o nosso relacionamento por uma transa ou dois minutos de conversa. O outro embalado por um som de novidade acha que esses exatos dois minutos de conversa se parecem com vinte anos de compreensão e nos trai. Mesmo que inconscientemente ou por um não querer. Só que terceiras pessoas, essas de salas de aula, jamais vão entender que serão sempre planos de fundo, e que só servem para dar um melhor tom aos nossos relacionamentos. A vida delas é tentar. E pra nossa sorte não são essas que colocam tudo a perder, e sim pessoas como nós. Pois no final é sempre o nosso telefone que toca quando o tédio alcança. E elas ainda se acham muito espertas...

quinta-feira, 13 de março de 2008

Noite, silêncio e poesia.

Meu corpo e meus braços
o contorno de minhas curvas
os meus ombros arregalados
diante você estirava os olhos
fazia sugestões.. admirava
e falava do sol e da lua
como ninguém tinha dito antes
fotografava o ar e o momento
fazia do instante uma arte
eu só precisava te abraçar
saber que haveria um amanhã
mesmo depois daquela manhã
sendo ouvida no silêncio de um bar
até ante álcool e éter e cigarros
até ante um momento interrompido
a manhã ainda soube se impor
e sustentar o que seria sol e dor
mas teu tempero e teu avesso
duraram dois dias e o tempo parou
ficou só amor.. só o amor
por isso ainda te quero
mesmo te ter sem possuir
porque de todas as outras noites
e de todos os outros laços
é você que realmente quero bem
mesmo que eu acorde estirada num bar...

  • Foto: A. Fontelli

segunda-feira, 3 de março de 2008

Pintado


E de repente, ele olha nos olhos dela, e vê que aquela figura alva agora desbota de tantas cores, e diz: “Não gosto de você pintada”. Pois de tanta beleza e brancura que se via, numa pele linda e rosto novo, agora estava ancorado com todas aquelas cores. E de rosto de menina, com toda a inocência, virava agora uma mulher, com toda a malícia embutida num só olhar. Parecia até que o mundo se transformava ao seu redor, e o que antes era insólito agora era terreno, apenas por causa de um rosto, pintado...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Fico imaginando.


Fico imaginando... Quando eu não puder seguir mais uma linha reta, acertar um corte com a tesoura, andar até o interruptor para apagar uma luz, botar a água do café no fogo, enxergar as letras miúdas do livro, me abaixar para pegar um papel no chão e afagar miúda a cabeça de um cachorro. Quando eu não puder mais me segurar sozinha sem ter que me apoiar em um vão de escada, quando não puder mais levar o garfo à boca e quando as pessoas começarem a olhar com pena para mim. Imagino o dia que uma noite vai chegar e eu não vou mais conseguir fechar os olhos de tanta vontade de levantar para olhar o luar, mas não vou querer incomodar ninguém. O dia em que eu vou precisar das pernas alheias para me levar pra algum lugar e eu não puder mais fazer meu próprio caminho. Não puder mais escolher as minhas roupas, nem amarrar os meus sapatos, nem ao menos ir até a janela por vontade própria e meus lábios de tão secos nem sentirem mais um beijo. Ficar sem utilidade. Na inutilidade. Contar “estórias da minha cabeça”, ficar com as mãos trêmulas e ter os olhos semi-abertos e parados. O dia em que respirar vai ser muito mais difícil do que um dia foi dizer um eu te amo sem estar sendo realmente sincera, o dia em que minhas palavras não valerão mais, que eu olhe aquela velha foto com uma menina magrela e sardenta e perceba que meus traços já foram todos apagados e que serei tratada simplesmente como velha. Fico aqui imaginando.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Pessoas



Tem pessoas chegando em meu caminho, ah que pessoas... deliciosas pessoas, pessoas estonteantes, pessoas divinas, pessoas amáveis, pessoas sozinhas, pequenas e grandes pessoas, pessoas que estou amando, pessoas amigas, queridas pessoas...


domingo, 20 de janeiro de 2008

Nuvens e girassóis


Mas é claro que somos livres
e percebo isso nessa vastidão de tudo
no sol que me arde ao meio-dia
numa penumbra e num orvalho
num galho seco e no meu deserto sertão
num choro amargo e doentil de um bebê
numa cozinha trancada de chaves
e num pássaro que me visita todas as noites
as nuvens são o objetivo de um caminhar
as nuvens, o arco-íris e os girassóis...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Maria esperança

Ai meu deus, cadê Maria esperança?
Vem cá esperança, me abraça e me trança
Esperança meu bem, não me deixe, não se vá...
Me traga um chá, me beije, me amasse
Esperança, me canta, me olha
Me dá tua mão, me pega no colo

Esperança se foi
E em meio aos seus papéis
Esperança se perdeu
E esqueceu como é amar
Esperança, querida
Não chore, foi você que ensinou
Que quem espera sempre alcança...