Eu tenho saudade de tantas coisas boas e tantas coisas vãs. Por isso descrevo, anoto tudo, assim completo o meu álbum mágico da felicidade...

quarta-feira, 20 de junho de 2007

O Circo do palhaço sem futuro



Era uma menina, mas nem gostava tanto de bonecas. Tinha no ar um tom meloso, dramático, melancólico.
Não costumava ser tão percebida, e de repente ela cresceu... Seu josé, quando voltava de uma de suas viajens, sentado na sala reparou uma mulher passar de calcinha e sutiã pela casa. Ele mal sabia quem era ela, mas reconheceu naqueles olhos a sua filha, aquela a quem ele trazia bonecas, enquanto ela só precisava de um beijo e um pouco de amor... E se sentiu um palhaço num circo desgraçado, onde todo aquele espetáculo que um dia teve graça, ficou só no passado e agora ele, só, triste e palhaço, continua se achando há vinte anos atrás sentado naquele tamborete no meio de um palco, sem platéia, sem público mas não vê que a palhaçada um dia passa, e que o circo também muda de espetáculo e de endereço, que o público cresce e a graça toda se perde. E ele ali, que durante toda a sua vida, durante todos os vinte longos anos, foi o único que não teve mundo e nem teve tempo, e agora tinha todo o tempo do mundo pra se perder em solidão. Que agora, quase desconhecido, apenas um velho de mala nas mãos, passava despercebido, e tinha no ar um tom meloso, dramático e melancólico. O palhaço jamais voltaria no tempo e consertaria os erros de um espetáculo de vinte anos atrás...

Aline fontelli

2 Expressão(ões):

Alê Quites disse...

Seja bem vinda!
Beijos*

Lua Durand disse...

belo texto!

parabéns!

adoreii