Difícil só seria olhar pra toda aquela gente e ter que distribuir sorrisos esticados e abraços fedorrentos. Chegar em casa e encontrar as mesmas velhacas sentadas no sofá pintando as unhas e escovando os cabelos, mixiricando da vida de toda a vizinhança e falando de política sem saber sobre o que é socialismo nem na teoria e não poder se meter. Escutar todas aquelas conversas irritantes e intermináveis de putas à amantes, daqueles velhos peidorrentos. Acordar com aquelas pirracentas crianças infernais fazendo barulho de manhã cedinho. Andar debaixo daquele calor desértico de trinta e oito graus e me fuder debaixo daquelas chuvas imprevisíveis porque já não fazem uma porra dum guarda-chuvas bom na cidade. Correr atrás daquelas lotações ferradas e abarrotadas de gente, que dá medo até de encostar pra gente não pegar tétano. Assistir a aula daquele filha duma puta daquele professor, que porque acha que tem uma porra dum diploma sabe mais que o mundo todo e despreza nós, pobres e reles estudantes mortais. Fora ter de olhar pra cara daquela puta forjada à loira que vive dando em cima do meu namorado e não se toca que até um espanador é mais caliente, sexy e charmoso do que aquele pixaim que ela carrega na cabeça e jura que abala. Pegar de novo aquele cacete daquele ônibus e ir cheirando suvaco o caminho todo até chegar em casa. Ter que comer macarrão de tarde e de noite porque a mãe não fez comida e a única coisa que tem é o resto do almoço. Se dividir entre um capítulo do livro e a novela. E ir dormir sonhando em bater aquele prato de cuzcuz com ovo de tanta fome que te deixaram!
- Ai ai, e eu aqui, nessa droga de caos aéreo!
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