Eu tenho saudade de tantas coisas boas e tantas coisas vãs. Por isso descrevo, anoto tudo, assim completo o meu álbum mágico da felicidade...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mariângela e as telas.


Mariângela tinha olhos enormes e sempre ficava à frente da tevê, a iluminar aqueles grandes olhos.
Dobrava os joelhos e encolhia-os junto a si em cima do sofá creme da sala de sua mãe.
E ficava vidrada.
Era terror, comédia, ação, romance, drama, épico, tudo quanto é gênero de filme Mariângela gostava.
Parecia tecer um mundo sobre aquilo. Sobre tudo quanto é vida, que o cinema construía.
Ela nem precisava de amigos.
E quando as luzes se apagavam, e o brilho fosco a contornava, ela inclinava levemente seu rosto para frente e mergulhava de vez na estória.
E um dia ela entrou... entrou naquele mundo e se tornou personagem, vivendo cada drama e cada estória e sentindo cada personagem como ela sempre desejou.
Viajou por tempos, lugares e viu pessoas diferentes.
E a cada novo filme que começava na tela ela seria um novo papel, sempre; ela nem pestanejava.
Mariângela, tão nova, ruiva, de cabelos amarrados, saindo de sua meninice, esbugalhou tantos seus olhos que virou personagem de cinema; levantou do sofá, esticou pernas e braços e mergulhou tela adentro, porque era ali que ela sabia que precisava viver.

1 Expressão(ões):

inutilia sapiens disse...

eita pernambucana arretada!!!
lindo demais!!!
=*